Ela abriu a porta do apartamento aos risos. Talvez pela expressão debochada que eu carregava naquela visita repentina, reconheceu que havia vodka demais passeando pela minha corrente sanguínea. “Entra”, disse. “Você tá precisando conversar, né, amiga?”. Tentou oferecer água ou suco ou qualquer coisa que diluísse aquele álcool todo. Como sempre, quer cuidar de mim. Sentada no sofá, percebo que ela abre as gavetas da cozinha à procura de algo. Está metida numa camiseta à vontade, não pretendia receber ninguém. Fica ainda mais linda assim. Pequenina, cabelos soltos levemente bagunçados, movimentos despretensiosos.
“Vem pra cá e me conta como anda a sua vida”. Quando ela se virou, vi que trazia numa das mãos alguma garrafa de tinto vagabundo. Com a outra, me estendeu duas taças. “Se eu beber mais, serei obrigada a dormir aqui”, respondi. Não teria condições de dirigir. “Tudo bem, fica… a gente tá mesmo precisando se atualizar”. Reclamou do chefe, contou dos planos, desabafou sobre dilemas e medos. A cumplicidade de sempre. Terminamos falando de sexo, de trapalhadas e fetiches. “Ele me perguntou se devia botar silicone no pau, acredita? ”. Caímos na gargalhada, daquele jeito descompensado de jogar a cabeça para trás. Entorpecida, nem reparei que havia derramado vinho enquanto me chacoalhava de rir.
“Péra, besta! Vou buscar um pano”. Um rastro daquele líquido rubro descia do meu pescoço e escorria entre os seios até o umbigo. A blusa manchada. O sofá também. “Puta merda, desculpa! ”. Ela fez cara de quem estava mais preocupada com a minha roupa do que com a sujeira. “Fica quieta”, ria. “Vou te limpar”. E, de repente, ao alcance da boca dela e de sua naturalidade, deu uma vontade maluca de agarrá-la ali. Sem cerimônia. De ir além dos selinhos e beijinhos rápidos nas baladas, mais brincadeira para provocar os outros do que atração real. Foi a primeira vez em que a desejei como mulher. Eu, que nunca tinha transado com uma. Esperei que ela voltasse para a sala e tomasse o lugar de antes. Fui me ajeitando cada vez mais perto, com receio de como reagiria.
No silêncio antes do que seria nosso próximo assunto, deslizei os dedos pelos seus cabelos e desci até sua nuca. Ela percebeu o que eu queria. Não recuou. Minha língua preencheu sua boca num ímpeto. Eu salivava também entre as pernas. Senti que ela ofegava e amolecia. Estava entregue. Insinuei meu corpo, pressionando os peitos contra os dela. O bico forçava o tecido da blusa, duro, esperando por uma lambida vigorosa. Enfiei a mão por dentro do decote e apertei com firmeza. À essa altura, nos esfregávamos inteiras. Eu sabia que ela também queria. Abri o botão de sua calça, louca para descobrir se estava tão molhada quanto eu. “Não, melhor não… Chega”.
Me vi como um adolescente insistindo pra “botar só a cabecinha”. Levantou e disse: “A gente tá bêbada, vamos dormir”. Como assim? Fui atrás dela no corredor. Me ofereceu uma camisola. “Você não vai deitar de jeans, né?! Toma”. Ela estava falando sério! “Relaxa, durmo pelada mesmo”. Fiquei entre os lençóis assistindo-a se trocar. Apagou a luz do quarto e se acomodou ao meu lado. A luz da cidade penetrava pela janela e tudo o que eu via era o contorno do corpo dela. “Boa noite”. Não aguentei. Puxei-a pela barriga, sussurrei em seu ouvido: “Me deixa te fazer gozar hoje”. Ela riu. Percorri-a com dedos sedentos, metendo-os por baixo da costura de sua calcinha.
Abri os lábios encharcados dela para tocar o grelinho rijo. Ela se contorceu com um gemido. Desci a alça da camisola para chupar aquele bico enquanto friccionava a buceta. Puta merda, como ela era gostosa. Precisava lambê-la até que a língua secasse, sem pressa. Subi para o pescoço, mordendo e chupando o contorno para a nuca. Babei em cada bico arrepiado e cerrei os dentes neles. Ela respirava fundo e separava as pernas, sugerindo o tesão que já não podia mais controlar. Dedilhei, intercalando o dedo dentro da vagina úmida com movimentos no grelinho. Ela começou a estremecer e continuei com mais agilidade. Foi o primeiro orgasmo daquela noite.
Era o seu dia de sorte: meu prazer ali era dar, não receber. Como se estivesse a serviço, fazendo nela exatamente aquilo que me faz gozar. “Calma que agora eu vou te chupar. Quero saber que gosto tem uma buceta”. Ela não tinha condições de me impedir. Estava naquele estado de relaxamento pós-clímax. Passei a boca pela virilha, devagarzinho, soltando o ar quente. Lambi ao redor dos lábios de cima abaixo. Fazia com delicadeza para que ela sentisse a textura da língua que logo a faria vibrar de novo. Ouvi ela dizer, quase implorando: “Nossa, puta que pariu”. Quando invadi numa linguada macia o meio da buceta, eu é que estava quase gozando. Era doce e cheia de camadas. Meti três dedos nela, sugando o grelinho. Babei e lambuzei tudo testando o ritmo. Ela gemeu com sofreguidão: “Ah, ah, aaaaaaah”.
Achei graça quando ela comentou que nenhum homem a chupara daquele jeito. Porra, nada mal para minha estreia. Saiu da cama e foi buscar algo no armário. Voltou com um pau grande e grosso de borracha. Não que tivesse feito falta, pra falar a verdade. “Minha vez”, disse. Botou a cabecinha vibratória na entrada da minha buceta, molhando-a para depois esfregar no meu clitóris. Enchia a outra mão no meu peito, mamando com vontade e me oferecendo a boca. “Me fode”, pedi. Três estocadas foram o bastante pra me fazer gemer gostoso. Ela me olhava satisfeita, um sorriso de safada. “Agora chupa, sente o gosto da sua buceta”. E abocanhei o pau de mentirinha, agradecida. Exaustas em plena madrugada, nos viramos para finalmente dormir.